Bem,
como começamos em grande estilo com Dom
Casmurro, do imortal Machado de Assis, vamos estudar a Escola Literária da
obra, isto é, o Movimento Realista.
O
Realismo foi diretamente influenciado pela Revolução Industrial, logo, toda a
desigualdade entre as classes está em ênfase, já que burguesia e proletariado
se encontravam em opostos cada vez mais distantes. Além disso, o crescimento
das indústrias provocou êxodo rural e as cidades não estavam preparadas para o
boom da população, então, surgiram as favelas e as novas doutrinas sociais, com
Adam Smith (acreditava no liberalismo econômico e que o Estado não deveria
intervir na economia), Thomas Malthus (pregava que a pobreza era uma lei natural)
e Marx e Engels (que lançaram o Manifesto Comunista e acreditavam que o a
diferença de classes provocaria uma revolução do proletariado e então tudo
seria mais igualitário).
No
meio de tudo isso, estavam os artistas procurando novas perspectivas da
realidade, de modo que a objetividade substituiu o subjetivismo romântico e em
vez de dramas individuais, a sociedade e seu comportamento passou a ser
enfatizado.
O
Realismo no mundo foi inaugurado por Madame
Bovary, de Gustave Flaubert, que chocou a sociedade ao narrar a história de
Emma Bovary, uma burguesa que entediada torna-se adúltera, de maneira que a
falsidade da burguesia é criticada.
Segundo
Eça de Queirós, outro importante autor realista, que escreveu entre outros
livros O Primo Basílio, esse
movimento literário: “É a crítica do homem. É a arte que nos ponta a nossos
próprios olhos – parar condenar o que houver de mau na nossa sociedade.”
Portanto
as características realistas são:
-
Racionalismo e objetividade, a razão
toma o lugar da emoção e a objetividade do subjetivismo, afastando-o da
idealização romântica.
-
Contemporaneidade, os autores se
interessam pelo presente, de modo que alguns fatos da época são contados no
livro para marcar esse aspecto, como acontece em Dom Casmurro, quando Bentinho
encontra o imperador D. Pedro II.
-
Materialismo, a busca pela realidade
material, a sociedade é o objeto de estudo e não os sentimentos, de maneira que
os fatos e comportamentos são analisados.
-
Anatomia do caráter, os realistas
buscam compreender a raiz dos problemas sociais e procuram na sociedade ao
observar seu comportamento, por isso, o interesse pela análise psicológica e
uma coerência entre o comportamento do personagem com seu contexto social,
cultural, econômico e político.
-
Coletividade, o individualismo é substituído
pelo interesse coletivo, para formar um retrato da sociedade da época.
-
Descrição, há ênfase na descrição por
duas maneiras: as cenas são descritas em seus pormenores para que o leitor
forme seu juízo do que foi lido e para gerar uma “sensação” o mais real
possível.
Assim,
podemos resumir o Realismo em três aspectos:
-
Representação da realidade que permita denunciar aspectos negativos da
sociedade;
-
Olhar mais racional, objetivo e crítico;
-
Temas de interesse coletivo (adultério, opressão, corrupção, etc);
Já
no Brasil, o Realismo se apresenta na época do fim do tráfico negreiro e a decadência
da sociedade escravocrata e da economia açucareira, além da Guerra do Paraguai,
de forma que os brasileiros anseiam de novos pontos de vista sobre a sociedade.
O
maior realista brasileiro, sem dúvida, é Machado de Assis, que anteriormente romântico,
inaugurou o Realismo com Memórias
Póstumas de Brás Cubas, um livro escrito por um defunto que entediado de
sua vida pós-morte resolve narrar sua existência, enquanto critica a sociedade
em que vivera, culminando com a conclusão: “Não tive filhos, não transmiti a
nenhuma criatura o legado de nossa miséria”, além dessa obra, ele, ainda,
escreveu, o já analisado, Dom Casmurro e Quincas Borba, cuja obra tem ligação
com Memórias Póstumas, e contos.
Além
de possuir uma escrita única, Machado era um observador da alma humana, suas
obras realistas não escancaram a mediocridade e a hipocrisia, como Eça de
Queirós que concretizou o adultério de Luísa com Basílio, ele utiliza a ironia,
fugindo da crítica direta e provocando um diálogo com o leitor, para que este
durante sua leitura analise junto com o narrador o retrato de sua própria
miséria humana.
Ficou com alguma dúvida?
Abraços e até a próxima.
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