terça-feira, 7 de agosto de 2012

Realismo



por Anailde Ribeiro
  e Ramona Rocha





Bem, como começamos em grande estilo com Dom Casmurro, do imortal Machado de Assis, vamos estudar a Escola Literária da obra, isto é, o Movimento Realista.

O Realismo foi diretamente influenciado pela Revolução Industrial, logo, toda a desigualdade entre as classes está em ênfase, já que burguesia e proletariado se encontravam em opostos cada vez mais distantes. Além disso, o crescimento das indústrias provocou êxodo rural e as cidades não estavam preparadas para o boom da população, então, surgiram as favelas e as novas doutrinas sociais, com Adam Smith (acreditava no liberalismo econômico e que o Estado não deveria intervir na economia), Thomas Malthus (pregava que a pobreza era uma lei natural) e Marx e Engels (que lançaram o Manifesto Comunista e acreditavam que o a diferença de classes provocaria uma revolução do proletariado e então tudo seria mais igualitário).
No meio de tudo isso, estavam os artistas procurando novas perspectivas da realidade, de modo que a objetividade substituiu o subjetivismo romântico e em vez de dramas individuais, a sociedade e seu comportamento passou a ser enfatizado.
O Realismo no mundo foi inaugurado por Madame Bovary, de Gustave Flaubert, que chocou a sociedade ao narrar a história de Emma Bovary, uma burguesa que entediada torna-se adúltera, de maneira que a falsidade da burguesia é criticada.
Segundo Eça de Queirós, outro importante autor realista, que escreveu entre outros livros O Primo Basílio, esse movimento literário: “É a crítica do homem. É a arte que nos ponta a nossos próprios olhos – parar condenar o que houver de mau na nossa sociedade.”
Portanto as características realistas são:
- Racionalismo e objetividade, a razão toma o lugar da emoção e a objetividade do subjetivismo, afastando-o da idealização romântica.
- Contemporaneidade, os autores se interessam pelo presente, de modo que alguns fatos da época são contados no livro para marcar esse aspecto, como acontece em Dom Casmurro, quando Bentinho encontra o imperador D. Pedro II.
- Materialismo, a busca pela realidade material, a sociedade é o objeto de estudo e não os sentimentos, de maneira que os fatos e comportamentos são analisados.
- Anatomia do caráter, os realistas buscam compreender a raiz dos problemas sociais e procuram na sociedade ao observar seu comportamento, por isso, o interesse pela análise psicológica e uma coerência entre o comportamento do personagem com seu contexto social, cultural, econômico e político.
- Coletividade, o individualismo é substituído pelo interesse coletivo, para formar um retrato da sociedade da época.
- Descrição, há ênfase na descrição por duas maneiras: as cenas são descritas em seus pormenores para que o leitor forme seu juízo do que foi lido e para gerar uma “sensação” o mais real possível.
Assim, podemos resumir o Realismo em três aspectos:
- Representação da realidade que permita denunciar aspectos negativos da sociedade;
- Olhar mais racional, objetivo e crítico;
- Temas de interesse coletivo (adultério, opressão, corrupção, etc);
Já no Brasil, o Realismo se apresenta na época do fim do tráfico negreiro e a decadência da sociedade escravocrata e da economia açucareira, além da Guerra do Paraguai, de forma que os brasileiros anseiam de novos pontos de vista sobre a sociedade.
O maior realista brasileiro, sem dúvida, é Machado de Assis, que anteriormente romântico, inaugurou o Realismo com Memórias Póstumas de Brás Cubas, um livro escrito por um defunto que entediado de sua vida pós-morte resolve narrar sua existência, enquanto critica a sociedade em que vivera, culminando com a conclusão: “Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria”, além dessa obra, ele, ainda, escreveu, o já analisado, Dom Casmurro e Quincas Borba, cuja obra tem ligação com Memórias Póstumas, e contos.
Além de possuir uma escrita única, Machado era um observador da alma humana, suas obras realistas não escancaram a mediocridade e a hipocrisia, como Eça de Queirós que concretizou o adultério de Luísa com Basílio, ele utiliza a ironia, fugindo da crítica direta e provocando um diálogo com o leitor, para que este durante sua leitura analise junto com o narrador o retrato de sua própria miséria humana.



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Abraços e até a próxima.


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