quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Coesão e Coerência





por Ariadne Mégara




É muito comum o aluno ficar “perdido” na hora de redigir uma redação, ficar desorientado, se perguntando: “por onde começo? Tem sentido o que escrevo? Está bom o meu texto?”. Uma fórmula mágica para se escrever uma boa redação, infelizmente não existe, mas alguns pontos são essenciais para tal sucesso, como ter o conhecimento prévio do assunto abordado e saber algumas técnicas de elaboração de textos. Bom, o post de hoje dedica-se a dois elementos fundamentais para uma construção textual: coerência e coesão. 

A coesão textual acontece quando você consegue uma ligação harmoniosa entre os parágrafos do texto, ou seja, é você evitar criar um texto sobrecarregado de palavras que se repetem do início ao fim.
Um texto torna-se bem construído e coeso quando usamos os elementos gramaticais ou coesivos (conjunções, pronomes, preposições e advérbios), no interior das frases, de forma adequada. Se esses elementos de ligação forem mal empregados, o texto não apresentará noção de conjunto, ou ainda, sua linguagem se tornará ambígua e incoerente. 
Parece difícil, mas não é. Vejamos um exemplo para a sua melhor compreensão.
Ele estava prestes a desistir, onde recebeu a notícia de sua promoção.
Esse texto tem coesão? A resposta é NÃO. Qual seria o problema? Simples, o “onde” foi erroneamente usado, pois remete a uma ideia de lugar que não está explicitada no período, sendo mais adequado usar a preposição “quando”, nos dando a ideia que algo estava para acontecer, mas outra ação impediu que acontecesse. Sendo assim:
Ele estava prestes a desistir, quando recebeu a notícia de sua promoção.
Percebeu que não tão difícil assim? É preciso, apenas, ficar ligado no uso dos conectivos, tais como advérbio, preposição, conjunção, etc. 
           E a coerência? Do que se trata? Ela resulta da relação simétrica entre os pensamentos ou ideias apresentadas num texto sobre um determinado assunto, em outras palavras, é a ausência de contradição no texto. 
Não podemos negar que uma coisa está ligada a outra, uma vez que se os elementos de ligação (conectivos) forem empregados incorretamente faltará a coesão e, logicamente, a coerência ao texto.
Que tal observarmos a coesão e a coerência no texto abaixo?
ABRE-TE, SÉSAMO!
 A casa inteligente imaginada no MIT será impregnada por câmeras de vídeo, microfones, telões, caixas acústicas e sensores que farão parte da decoração. As câmeras, por exemplo, serão acionadas por um computador central para reconhecer cada um dos membros da família e rastreá-los em suas ações nos diferentes cômodos. Não bastasse, o sistema compreenderá sinais manuais e gestos de comando dos ocupantes da casa, tais como não e OK. Através dos microfones, o computador distinguirá igualmente comandos de voz. Assim, por exemplo, o filho mais velho, ao deitar-se na cama para dormir, simplesmente dirá: "Computador, me acorde às sete da manhã".   (Peter Moon. IstoÉ, 29-11-1995).
   O primeiro período do texto é composto, e suas orações aparecem ligadas pelo que, pronome relativo, elemento coesivo dessa subordinação. A oração subordinada adjetiva introduz uma explicação: "...que farão parte da decoração".
     A locução "por exemplo", no segundo período, inicia um esclarecimento em relação ao que foi dito, dando continuidade à ideia inicial do texto. Já a preposição "para", logo em seguida ("para reconhecer cada um...") expressa a finalidade no uso das câmeras, nessa casa do futuro. Essa oração vem subordinada ou ligada à oração anterior, chamada de principal.
Também a conjunção e (coordenada) introduz a ideia de acréscimo (..."e rastreá-los em suas ações... e gestos de comando dos ocupantes da casa".). Nas orações que seguem, as palavras "através" e "assim" (conectivos) começam uma sequencia de valor ilustrativo, confirmando as ideias apresentadas com exemplos.
 O emprego desses elementos coesivos dá ao texto uma estrutura clara e compreensiva. Por isso é importante a escolha adequada dos conectivos que serve de elo entre os termos e as orações, na produção de um texto.
Se ampliarmos as ideias vistas no texto anterior, em que o autor imagina o surpreendente avanço tecnológico modificando nossas casas, seria incoerente se acrescentássemos o seguinte trecho:
"O projeto da casa inteligente mostra que o avanço tecnológico vem prejudicando a vida humana, pois o computador tornou-se um terrível adversário, substituindo o homem em quase todas as funções. Com isso, o desemprego passou a representar um dos grandes dramas da sociedade moderna."
Observe que as ideias desse parágrafo são incoerentes, porque o texto lido menciona justamente os benefícios do computador nas atividades humanas, e não sua utilização como forma de prejudicar o trabalho do homem. Assim, a expressão dessas ideias não teriam sentido ou coerência em relação ao tema desenvolvido inicialmente.
Difícil? Complicado? Não, certo? É só ficar atento para não repetir tantos a palavras no seu texto e, principalmente, não entrar em contradição. E agora? Que tal terminarmos com uma super dica?
  • DESAPERCEBIDO X DESPERCEBIDO
            Primeira coisa que você jamais deve esquecer: essas palavras NÃO são sinônimas. Então, qual a diferença?
  DesApercebido: desprevenido, desprovido, desguarnecido de algo.
Exemplo: Foi abordado por ladrões, justamente por estar desapercebido.
Despercebido: é o que você não percebeu. É simples!
Exemplo: o gato passou despercebido.

              Ficou com alguma dúvida?

Entra em contato com a gente: palavrafemininaar@hotmail.com
Abraços e até a próxima.

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