De origem judaica, terceira filha de Pinkouss e de Mania Lispector. A família de Clarice sofreu a perseguição aos judeus, durante a Guerra Civil Russa de 1918-1921. Seu nascimento ocorreu em Chechelnyk, enquanto percorriam várias aldeias da Ucrânia, antes da viagem de emigração ao continente americano. Aportaram no Brasil quando tinha pouco mais de um ano de idade.
A família chegou a Maceió em março de 1922, sendo recebida por Zaina, irmã de Mania, e seu marido e primo José Rabin. Por iniciativa de seu pai, à exceção de Tania, irmã, todos mudaram de nome: o pai passou a se chamar Pedro; Mania, Marieta; Leia,irmã, Elisa; e Haia, Clarice. Pedro passou a trabalhar com Rabin, já um próspero comerciante.
Clarice Lispector começou a escrever logo que aprendeu a ler, na cidade do Recife, onde passou parte da infância. Falava vários idiomas, entre eles o francês e inglês. Cresceu ouvindo no âmbito domiciliar o idioma materno, o iídiche.
Sua mãe morreu em 21 de setembro de 1930 (Clarice tinha apenas 9 anos), após vários anos sofrendo com as consequências da Sífilis, supostamente contraída por conta de um estupro sofrido durante a Guerra Civil Russa enquanto a família ainda estava na Ucrânia. Clarice sofreu com a morte da mãe, e muitos de seus textos refletem a culpa que a autora sentia e figuras de milagres que salvariam sua mãe.
Clarice estudou em uma escola primária na Tijuca, até ir para o curso preparatório para a Faculdade de Direito. Foi aceita para a Escola de Direito na então Universidade do Brasil em 1939. Se viu frustrada com muitas das teorias ensinadas no curso, e descobriu um escape: a literatura. Em 25 de maio de 1940, com apenas 19 anos, publicou seu primeiro conto "Triunfo" na Revista Pan.
Três depois, após uma cirurgia simples para a retirada de sua vesícula biliar, seu pai Pedro morre de complicações do procedimento. No mesmo ano, Clarice chama a atenção (provavelmente com o conto "Eu e Jimmy") de Lourival Fontes, então chefe do Departamento de Imprensa e Propaganda (órgão responsável pela censura no Estado Novo de Getúlio Vargas), e é alocada para trabalhar na Agência Nacional, responsável por distribuir notícias aos jornais e emissoras de rádio da época.
Em 1937 lançou um primeiro livro de poesia, intitulado Poemas. Em 1943, no mesmo ano de sua formatura, casou-se com o colega de turma Maury Gurgel Valente, futuro pai de seus dois filhos. Maury foi aprovado no concurso de admissão na carreira diplomática, e passou a fazer parte do quadro do Ministério das Relações Exteriores. Em sua primeira viagem como esposa de diplomata, Clarice morou na Itália onde serviu durante a Segunda Guerra Mundial como assistente voluntária junto ao corpo de enfermagem da Força Expedicionária Brasileira. Também morou em países como Inglaterra, Estados Unidos e Suiça, países para onde Maury foi escalado. Apesar disso, sempre falou em suas cartas a amigos e irmãs como sentia falta do Brasil.
Em dezembro de 1943, publicou seu primeiro romance, Perto do coração selvagem. Escrito quando tinha 19 anos, o livro apresenta Joana como protagonista, a qual narra sua história em dois planos: a infância e o início da vida adulta. Perto do coração selvagem ganhou o prêmio da Fundação Graça Aranha de melhor romance de estréia, em outubro de 1944. Em 1946, em uma viagem ao Rio de Janeiro , lança seu segundo livro "O Lustre".
Em 10 de agosto de 1948, nasce seu primeiro filho, Pedro, em Berna na Suiça. Em 10 de fevereiro de 1953, nasce Paulo, o segundo filho de Clarice e Maury, em Washington, D.C., nos Estados Unidos. Em 1959 se separou do marido que ficou na Europa e voltou permanentemente ao Rio de Janeiro com seus filhos, morando no Leme. [8] No mesmo ano assina a coluna "Correio feminino - Feira de Utilidades", no jornal carioca Correio da Manhã, sob o pseudônimo de Helen Palmer. No ano seguinte, assume a coluna "Só para mulheres", do Diário da Noite, como ghost-writer da atriz Ilka Soares.
Em 1964 Clarice lança dois livros: A Legião Estrangeira, uma coletânea de contos e o romance A Paixão segundo G.H.. Em 1970, começa a escrever um novo livro com o título de Atrás do pensamento: monólogo com a vida". Mais tarde é renomeado de "Objeto Gritante". Finalmente é lançado em 1973 com o título definitivo de "Água Viva". Em 1974 publico mais dois livros de contos, novamente pela Artenova: "A via crucis do corpo" e "Onde estivestes de noite".
Em meados de 1970, Lispector começou a trabalhar no livro Um sopro de vida: pulsações, publicado postumamente. Este livro consiste de uma série de diálogos entre o "autor" e sua criação, Angela Pralini, personagem cujo nome foi emprestado de outro personagem de um conto publicado em Onde estivestes de noite. Esta abordagem fragmentada foi novamente utilizada no seu penúltimo e, talvez, mais famoso romance, A hora da estrela.
Foi hospitalizada pouco tempo depois da publicação do romance A Hora da Estrela com câncer inoperável no ovário, diagnóstico desconhecido por ela. Faleceu em 9 de dezembro de 1977, um dia antes de seu 57º aniversário. Foi inumada no Cemitério Israelita do Cajú, no Rio de Janeiro, em 11 de dezembro.
Obras
- Romance
O Lustre, 1946
A Cidade Sitiada, 1949
A Maçã no Escuro, 1961
A Paixão segundo G.H., 1964
Uma Aprendizagem ou Livro dos Prazeres, 1969
Água Viva, 1973
Um Sopro de Vida - Pulsações, 1978
- Novela
- Conto
Laços de família, 1960
A legião estrangeira, 1964
Felicidade clandestina, 1971
A imitação da rosa, 1973
A via crucis do corpo, 1974
Onde estivestes de noite, 1974
A bela e a fera, 1979
- Crônica
Para não esquecer, 1978
A descoberta do mundo, 1984
- Literatura Infantil
A vida íntima de Laura, 1974
Quase de verdade, 1978
Como nasceram as estrelas, 1987
- Antologia
Clarice Lispector, 1981
O primeiro beijo & outros contos, de Clarice Lispector, 1991
Os melhores contos de Clarice Lispector, 2001
Aprendendo a viver, 2004
- Poesia
A Perfeição, in: A Descoberta do Mundo, 1984
Mas há a Vida, in: A Descoberta do Mundo, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1984
Amor à Terra, in: A Descoberta do Mundo, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1984
Meu Deus, me dê a coragem., in: Um Sopro de Vida, 1978
A Lucidez Perigosa, in: A Descoberta do Mundo,
Nossa Truculência, in: A Descoberta do Mundo,
Estrela Perigosa, in: BORELLI, Olga. Clarice Lispector – Esboço para um possível retrato, 1981
Quero escrever o borrão vermelho de sangue, in: BORELLI, Olga. Clarice Lispector – Esboço para um possível retrato. 1981
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