CORA CORALINA
Cora
Coralina, pseudônimo de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, nasceu
na Cidade de Goiás, em 20 de agosto de 1889, foi uma poetisa e contista
brasileira. Mulher simples, doceira de profissão, tendo vivido longe dos
grandes centros urbanos, alheia a modismos literários, produziu uma
obra poética rica em motivos do cotidiano do interior brasileiro, em
particular dos becos e ruas históricas de Goiás.
Filha de Francisco de Paula Lins dos Guimarães Peixoto, desembargador
nomeado por D. Pedro II, e de Jacinta Luísa do Couto Brandão, Ana nasceu
e foi criada às margens do rio Vermelho, em casa comprada por sua
família no século XIX, quando seu avô ainda era uma criança. Estima-se
que essa casa foi construída em meados do século XVIII, tendo sido uma
das primeiras edificações da antiga Vila Boa de Goiá.
Em 1903 já escrevia poemas sobre seu cotidiano, tendo criado, juntamente
com duas amigas, apesar da pouca escolaridade, uma vez que cursou
somente as primeiras quatro séries, com Mestra Silvina. Em 1908, o
jornal de poemas femininos "A Rosa". Em 1910, seu primeiro conto,
"Tragédia na Roça", é publicado no "Anuário Histórico e Geográfico do
Estado de Goiás", já com o pseudônimo de Cora Coralina.
Casou-se em 1910 com o advogado Cantídio Tolentino Bretas, com quem se
mudou, no ano seguinte, para o interior de São Paulo. Viveria no estado
de São Paulo por quarenta e cinco anos, inicialmente nas cidades de
Avaré e Jaboticabal - onde nascem seus seis filhos: Paraguaçu, Enéias,
Cantídio, Jacintha, Ísis e Vicência - e depois na cidade de São Paulo,
para onde se mudou em 1924. Ao chegar à capital, teve que permanecer
algumas semanas trancada num hotel em frente à Estação da Luz, já que os
revolucionários de 1924 haviam parado a cidade. Em 1930, presenciou a
chegada de Getúlio Vargas à esquina da rua Direita com a praça do
Patriarca. Um de seus filhos participou da Revolução Constitucionalista
de 1932.
Com a morte do marido, passou a vender livros da editora José Olimpio
que, em 1965, lança seu primeiro livro, "O Poema dos Becos de Goiás e
Estórias Mais". Em 1976, é lançado "Meu Livro de Cordel", pela editora
Cultura Goiana. Posteriormente mudou-se para Penápolis, no interior do
estado, onde passou a produzir e vender lingüiça caseira e banha de
porco. Mudou-se em seguida para Andradina, até que, em 1956, retornou
para Goiás.
Ao completar cinquenta anos de idade, a poetisa relata ter passado por
uma profunda transformação interior, a qual definiria mais tarde como "a
perda do medo". Nesta fase, deixou de atender pelo nome de batismo e
assumiu o pseudônimo que escolhera para si muitos anos atrás. Em 1984,
torna-se a primeira mulher a receber o Prêmio Juca Pato, como
intelectual do ano de 1983.
Durante esses anos, Cora não deixou de escrever poemas relacionados com a
sua história pessoal, com a cidade em que nascera e com ambiente em que
fora criada. Ela chegou ainda a gravar um LP declamando algumas de suas
poesias. Lançado pela gravadora Paulinas COMEP, o disco ainda pode ser
encontrado hoje em formato CD.
Viveu 96 anos, teve seis filhos, quinze netos e 19 bisnetos, foi doceira
e membro efetivo de diversas entidades culturais, tendo recebido o
título de doutora "Honoris Causa" pela Universidade Federal de Goiás. No
dia 10 de abril de 1985, falece em Goiânia. Seu corpo é velado na
Igreja do Rosário, ao lado da Casa Velha da Ponte. "Estórias da Casa
Velha da Ponte" é lançado pela Global Editora. Postumamente, foram
lançados os livros infantis "Os Meninos Verdes", em 1986, e "A Moeda de
Ouro que um Pato Comeu", em 1997, e "O Tesouro da Casa Velha da Ponte",
em 1989.A sua casa na Cidade de Goiás foi transformada num museu em
homenagem à sua história de vida e produção literária.
Obras
Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais, 1965
Meu livro de cordel, 1976
Vintém de cobre: meias confissões de Aninha, 1983
Meninos Verdes, 1986
O Tesouro da Casa Velha, 1989
A Moeda de Ouro que o Pato Engoliu, 1997
Estórias da Casa Velha da Ponte, 1985
Cora Coragem Cora Poesia (escrita por sua filha Vicência Bretas Than), 2002
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